#9 - Kogonada
Descobri este diretor ano passado e, desde então, to obcecado e ele se tornou um dos meus diretores preferidos. Sou completamente apaixonada por sua estética e histórias. Eu suplico que vocês deem uma chance pra ele também!!
FILMES
Onde assistir: Stremio e Torrent (link 1 / link 2)
Columbus (2017): 1h45min
After Yang (2021): 1h36min
VIDEO ESSAYS
Onde assistir: Vimeo (link)
NÃO CONTÉM SPOILERS!
Kogonada é um cineasta americano nascido na Coreia do Sul conhecido por seus longas-metragens Columbus e After Yang, assim como por seus video essays (vídeos curtos que analisam o conteúdo, a forma e a estrutura de filmes e séries de televisão geralmente por meio de narração e edição). Seus video essays frequentemente destacam uma estética específica de diversos diretores de cinema.
Além de um diretor e roteirista fenomenal, Kogonada também é um editor excepcional. Seus video essays são belíssimos e muito prazerosos de assistir, pois todas cenas são muito bem escolhidas e montadas de maneira muito perspicaz. E ele não apenas edita todos seus video essays, como também editou seus dois longas.
Columbus conta a história de um renomado estudioso de arquitetura que adoece repentinamente durante uma turnê de palestras e, seu filho, Jin, fica preso em Columbus, Indiana - uma pequena cidade famosa por seus muitos edifícios modernistas importantes. Jin faz amizade com Casey, uma jovem entusiasta de arquitetura que trabalha na biblioteca local. É lindo ver como Kogonada consegue trazer à vida as diversas construções que são mostradas ao longo do filme.
After Yang conta a história de quando o amado companheiro da filha de Jake, um androide chamado Yang, apresenta problemas de funcionamento. Jake procura uma maneira de consertar Yang e, no processo, toma consciência da vida que estava passando pela sua frente e da distância que havia entre ele e sua esposa e filha, de modo que então permite que eles se reconectem.
Trailer Columbus:
Trailer After Yang:
A estética de Kogonada é muito perceptível se compararmos seus dois longas. Incluindo desde a composição de cenários, enquadramentos, tempo de tomadas, som, etc.
Há uma grande frequência da utilização do enquadramento de plano aberto, onde os personagens estão longe da câmera.
Os objetos inanimados que compõem o cenário são muito bem distribuídos e enquadrados junto dos personagens em cena, ambos seguindo em grande maioria a regra dos terços. A regra dos terços é uma regra clássica e muito antiga, mas utilizada até hoje, que orienta como posicionar os diferentes objetos em uma determinada cena de forma que seja visualmente agradável.
Suas tomadas são normalmente longas e com uma câmera estática, permitindo que os personagens se movimentem por bastante tempo dentro do cenário, incluindo às vezes também momentos de cenário vazio onde a ação da cena ainda não começou ou já foi finalizada. Também ocorre de seus personagens às vezes sumirem dentro do próprio cenário, o que acontece devido à visão ser obstruída por algum objeto.
Há vários momentos onde é mostrado apenas o cenário, sem pessoas em tela. Isso é ainda mais perceptível em Columbus, o que faz sentido, já que a história é sobre as construções.
É comum haver algo em primeiro plano e a cena acontecendo em segundo plano, mais afastado da câmera. Às vezes o primeiro plano fica desfocado e, às vezes, o segundo.
Também é perceptível notar que há vários momentos em que os personagens estão enquadrados de forma que apenas aparecem através de portas ou corredores, o que causa a sensação de várias camadas e um recorte dentro delas.
Os foleys (processo utilizado para criar ou recriar sons de objetos e adicionados na pós) e diálogos normalmente são escutados próximo da tela, mesmo que os personagens ou as coisas que fazem barulho estejam longe ou até mesmo fora da tela. Também acontece de sons de uma cena se sobrepor com outra, fazendocom que sons e imagens de momentos diferentes se complementem. Em alguns casos, ouvimos a voz dos personagens sem que o rosto deles seja mostrado, mesmo estando em cena.
Suas histórias se desenrolam muito na base dos diálogos, que, em sua maioria, demonstram grande vulnerabilidade e honestidade, construindo conexões entre seus personagens ao decorrer do filme, criando uma vibe muito intimista. A narrativa é contada de forma não-linear em alguns momentos.
Algo interessante de se notar ao comparar seus dois longas, é que, em Columbus, a maioria das cenas são bem iluminadas e acontecem em ambientes abertos, pois a história trata de grandes arquiteturas. Enquanto que, em After Yang, as maioria das cenas são mais escuras e acontecem em ambientes fechados, pois a história se trata das relações íntimas de uma família. Esse contraste também pode ser observado no pôster de cada um dos filmes, onde a mesma fonte é usada e o título está no mesmo local, entretanto, as cores do fundo e do título estão invertidas, são opostos que se complementam.
Em Columbus, as imagens são bem coloridas e com cores vívidas. Enquanto que, em After Yang, pelas cenas serem namaioria pouco iluminadas, isso acaba ficando menos evidente.
Algo em After Yang que eu achei uma escolha muito interessante e criativa, foi o modo como as videochamadas foram representadas. É como se os personagens estivessem presencialmente um na frente do outro, porém o cenário atrás deles é no local onde eles realmente estão. O tamanho da tela muda para quadricular, em contraste com o resto das cenas onde a tela é retangular, para mostrar pro espectador que aquilo é diferente do resto, não é literal.
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